25.5.06

Post-it City [porto]
Proj. Ciutats Ocasionals
Centro de Arte Santa Mónica + CCCB [Barcelona]


Post-it City [1ª fase]

VIDEOCASE_WORKSHOP_ESTUDANTES FBAUP
coord. INÊS MOREIRA
coord. FBAUP_SUSANA LOURENÇO MARQUES

participantes_

FRANCISCA BENÍTEZ_
MARIA PAPADIMITRIOU_
ON OSSERVATORIO NOMADE_

ALEXANDRE CUNHA + MIGUEL SANTOS_
ANA RUTE DE MEDEIROS + MARIA JOÃO FLÔXO_
FILIPA GUIMARÃES_SUSANA PEDROSA + JOANA LIMA_
MARIANA CALÓ_ILDIKO MEZEI_ ANA ROMÃO_
ANA SILVEIRA + ÂNGELA FERREIRA_
LAETITIA CATHERINE MORAIS_

inauguração: 1_Junho_06_22h

IN.TRANSIT Artes em Partes_Porto Rua Miguel Bombarda 457

produção_PLANO 21.a.c.

apoio_ARQUITRAVEarquitectos associados lda.

+ info
www.post-it-city-porto.blogspot.com
www.ciutatsocasionals.net
www.post-it-city.blogspot.com
www.plano21.net


Agradecimentos:
Martí Peran, CASM e CCCB (Barcelona)
Ana Recasens
Faculdade de Belas Artes U.P.
Tiago Costinha (MediaPlayground)

24.5.06

Ciutats Ocasionals

[Edição portuguesa]
Cidades Ocasionais.
Post-it city e outras formas de temporalidade


Direcção Geral do Projecto: Martí Peran I Centro de Arte de Santa Mónica [BCN]
Direcção portuguesa: Inês Moreira
Direcção geral e coordenação da produção: PLANO 21.associação cultural
(Paulo Mendes+Sandra Vieira+Inês Moreira)

23.5.06

Post-it city # 0.1.






Em jeito de Post-it
Ana Romão
Duração. 0:07:45
O primeiro Post-it City, realizado por Ana Romão, é um vídeo que trabalha a possibilidade de criação de fenómenos que formulam um discurso sobre a cidade, a sua ambiência e os seus habitantes. Propõem-se um apontamento relacional entre a cidade e a interpretação dos seus residentes, num processo de síntese e objectividade idêntico a todos. São entregues folhas de papel amarelo e um marcador negro, e é pedido às pessoas que escrevam, diante da câmara, num primeiro momento, a palavra porto. Num segundo momento, numa outra folha, é pedido que escrevam um adjectivo ou um substantivo que associem à cidade. Ambos os planos são apresentados em simultâneo, numa montagem vídeo que enfatiza a relação com a cidade, tanto pela palavra que a procura definir, como na repetição escrita do nome. As filmagens foram realizadas no Palácio de Cristal e na Foz do Porto.

22.5.06

Post-it city # 0.2. (a + b)















Filipa Guimarães
Vídeo a: Lixo
Duração a. 00:05:23















Filipa Guimarães
Vídeo b: Tiraz
Duração b. 00:06:00

No segundo Post-it City, Filipa Guimarães apresenta dois vídeos, Lixo e Tiraz, registos em vídeo que partem de desenhos a pastel seco realizados na via pública, num ensaio que sublinha a efemeridade e desgaste do objecto pintado. No primeiro vídeo, a representação de resíduos domésticos expõe e caracteriza o quotidiano da cidade pela ambiguidade que o desenho realista suscita. Em Tiraz, o desenho representa um tapete de Arraiolos do século XVIII, exposto actualmente no Museu de Arte Antiga, em Lisboa e relaciona o trazer do privado para o público. No segundo vídeo de Tiraz, estabelece-se uma relação paradoxal do espectador com o espaço, uma vez que estando no interior de um edifício, ele contempla outro interior, ou um fragmento de um interior. O título explica-se no seguinte excerto: “…os povos norte africanos, após a sua expansão pela Península Ibérica mantiveram com esta, durante séculos, profundas relações políticas e humanas, transmitindo aos peninsulares algumas das suas artes, entre elas, a fabricação de tapetes. … Tiraz era, por assim dizer, o lugar e a fábrica onde se manufacturavam os famosos tecidos, bordados e tapetes que o luxo dos sarracenos exigia”.
O desenho do primeiro vídeo é realizado na Avenida de França, perto da estação de Metro da Casa da Música, e o desenho do segundo vídeo na Praça da Batalha.

21.5.06

Post-it city # 0.3.



Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.
Laetitia Catherine Morais
Duração. 00:05:00
O terceiro post-it city, de Laetitia Morais, é um vídeo que realiza um percurso linear sobre os objectos gráficos, expostos temporariamente na cidade e regista o efeito desses objectos sobre o público que os rodeia. O tipo de letra, as cores, formas e composições utilizadas nos cartazes de rua, reflectem o ambiente para o qual se dirigem, ao mesmo tempo que a sua exposição efémera arquiva acontecimentos terminantes. O branco, o preto encontram-se na generalidade dos cartazes, e contrapõem o domínio monocromático das ruas. No vídeo, apreendem-se imagens que se repetem ritmicamente nos espaços públicos e que definem as tendências culturais instantâneas da cidade.

20.5.06

Post-it city # 0.4.




















Talhos
Alexandre Cunha + Miguel Santos

Duração. 00:05:00

“…o frango é barato, baixou moelas, aproveite as tripas, a promoção da semana para a pá de porco… carnes vaidosas na montra enfeitam-se de rosa, amarelo e verde, que saem à rua num jogo frenético de sedução…”
O post-it city número quatro, da autoria de Alexandre Cunha e Miguel Santos, tem como objecto de pesquisa os talhos da cidade do Porto e o seu respectivo uso, ou em alguns casos abuso, do espaço público na colocação de cartazes promocionais em simultâneo com a utilização das montras que confrontam a propaganda com a própria carne, alvo da publicidade.
Esta abordagem é partilhada na quase generalidade por todos os talhos da cidade, que manufacturam esses mesmos objectos propagandísticos, obedecendo a uma regra gráfica semelhante e característica incontornável na identificação do seu conteúdo: os cartazes são realizados em cartolinas de cores fluorescentes e a informação é caligrafada com marcador de ponta cortada, preto ou vermelho.

19.5.06

Post-it city # 0.5.















Subterrâneos
Ana Rute de Medeiros + Maria João Flôxo

Duração. 00:05:27

O quinto post-it city de Ana Rute Medeiros e Maria João Flôxo, é um vídeo que documenta o fenómeno urbano oculto do Porto, numa viagem itinerante, que se inicia no Manancial do Jardim de Arca d’Água, onde avultam três nascentes de água potável de abastecimento à população portuense, e termina na Fonte das Oliveiras, no Largo Coronel Pacheco.
As visitas pelos subterrâneos são guiadas por membros da Companhia das Águas do Porto (SMAS), que descrevem, no percurso de três quilómetros, os pormenores construtivos, a localização e elementos históricos, de um projecto que remonta, aproximadamente, a finais do século XVI.
Parte do trajecto apresenta espaços de características claustrofóbicas e condições muito precárias, que em muito se desajustam ao conforto e segurança esperados, mas que permitem ao visitante experimentar uma relação com as entranhas da cidade, seguindo o percurso da água que a abasteceu.

18.5.06

Post-it city # 0.6.















Prato do dia: Francesinha com futebol
Susana Pedrosa + Joana Lima
Duração. 00:07:27

Em Prato do dia: Francesinha com futebol, o sexto post-it city, Susana Pedrosa e Joana Lima desenvolvem um registo documental a partir de dois fenómenos directamente associados à cidade: o prato gastronómico típico do Porto -a francesinha - e o Futebol Clube do Porto, a equipa de futebol da cidade, desporto vivido de forma intensa pelos adeptos e restantes habitantes. A francesinha e o futebol servem de pretexto, neste vídeo, a uma imersão em ambientes próprios do quotidiano social, mas situa-se para lá do registo objectivo de imagens fixas, procurando reter uma forma de sentir e caracterizar o Porto pelas suas características culturais mais populares. O futebol tem a aptidão de despertar emoções e afectividades e as comemorações das vitórias são nesta cidade acompanhadas de um prato típico picante, apreciado pela maioria dos habitantes e de alguns visitantes.

17.5.06

Post-it city # 0.7.

Rua de Sampaio Bruno
Ana Silveira + Ângela Ferreira
Duração. 00:07:27

A Rua de Sampaio Bruno é uma via pedonal na zona central da cidade onde ainda hoje coexistem antigas "profissões de rua". O Post-it #7 remete para um passado, para um Porto nostálgico, embora documente a Primavera de 2005. A existência destes profissionais deve-se às tradições do Porto burguês, à proximidade dos ecritórios, da banca e do movimento do comércio, cada vez mais abrandado. Os engraxates no portal de um prédio que zelam pelo brilho dos sapatos, os cauteleiros que vendem lotaria, os ardinas, os vendedores de rua, e o vendedor de pintura "decorativa" que todos os dias expõe na rua o menino com lágrima, são figuras que povoam a rua e remetem para um passado em que o uso efémero e precário do espaço público era possível.

16.5.06

Post-it city # 0.8.



Documento
Mariana Caló

Duração. 00:01:10

O post it city número oito, intitulado Documento é realizado por Mariana Calo e surge como reflexo da dilatação do espaço privado em público e da ressonância da esfera pessoal no global, que os meios de comunicação e produção nos possibilitam. A atracção para o social e o colectivo como tendência para substituir a acção individual, são também fenómenos do Porto, como cidade comercial e pós industrializada, resultado da diminuição do intervalo entre o estímulo e a reacção, entre a pergunta e a resposta.
A contaminação de informação que se efectua a uma escala planetária, a velocidade com que temos acesso ao acontecimento contrai a noção de espaço. Retemos os sinais, as imagens e as marcas das coisas.
Este Documento é feito a partir da digitalização integral da lista telefónica do Porto, do ano de 2005.

Post-it city # 0.9.



Atributos
Ildiko Mezei
Duração.0:02:36

O último post-it city é assinado por Ildiko Mezei, estudante húngara, que realizou o programa Erasmus na fbaup. O vídeo que apresenta, é composto no formato de um diaporama, que opõe imagens fotográficas, registadas aleatoriamente ao longo da cidade, desconhecendo/ conhecendo e descruzando os lugares que a compõem. Estas fotografias evitam o espectáculo turístico e a noção de estrangeiro, em que a autora se situa, investigando a cidade para lá de um olhar curioso. As fotografias revelam preocupações formais e estabelecem analogias que redefinem os lugares ocasionais da cidade, tornando-os lugares privados, não localizáveis.

15.5.06

Centro doc. # 0.1.










Francisca Benitez
Sukkah, USA 2001
Duração: 00:12:00

Este vídeo é o retrato de uma cidade efémera que surge no interior da cidade “permanente”. Foi filmado em Nova Iorque, antes, durante e após as festividades do Sukkot em Outubro de 200, no bairro judaico de Williamsburg, Brooklyn. Em cada Outono, o bairro sofre uma grande transformação. De forma a comemorar o Êxodo (Exodus) são construídos tabernáculos no exterior da casa, habitados durante sete dias, estruturas temporárias, denominada Sukkah. Esta tradição ortodoxa recupera a existência temporária de assentamentos nomádas, sobrepostos ao tecido da Nova Iorque contemporânea. A sua continuidade intermitente no tempo é assegurada pelo conjunto de códigos precisos contidos no Talmud, estabelecendo cada aspecto envolvido no ritual, da construção ao comportamento. Esta cidade efémera cresce no interior dos vazios da cidade “hospedeira”. Os pátios estreitos de Nova Iorque, espaços residuais, saídas de incêndio, telhados e passeios tornam-se o território deste frágil tecido urbano.

Centro doc. # 0.2
















Maria Papadimitriou
Luv Car, 2003

Luv Car é um projecto que Maria Papadimitriou desenvolveu com a comunidade Romena que reside nos arredores de Atenas. Vivendo semi marginalizada, esta comunidade transporta e deseja transpor para Atenas os seus hábitos, como a festa, o encontro e a socialização na rua. Do trabalho de colaboração com a artista, resultou a produção de um veículo transformado, com uma plataforma ao nível da cobertura acessível por uma escada, onde está disponível uma mesa de som com aparelhagens e colunas, à qual os transeuntes podem aceder para cantar. Este carro, que remete para os trios eléctricos brasileiros, ou para a hiperurbana Love Parade, é um dispositivo mínimo, um pequeno centro recreativo, que contribui para a integração da comunidade na cidade, tentando a assimilação dos seus hábitos pela cidade de Atenas.

12.5.06

Centro doc. # 0.3.


EGNATIA – A Journey of Migrating Memories, 2004
ON – Osservatorio Nomade
Este vídeo documenta a vida precária de um grupo de marinheiros abandonados pelo armador do seu barco na costa de Malta. Abandonados no barco sem água, mantimentos, documentos nem dinheiro num porto estrangeiro, os marinheiros sofriam pressão do seu patrão para participarem numa rota de tráfego de pessoas do médio-oriente para a Europa. Recusando a proposta, sequestraram o barco, refugiando-se em Nápoles, onde estão imobilizados pelas autoridades.
O vídeo documenta a acção que o grupo ON – Osservario Nomade realizou com os marinheiros. Fabricando diversas escadas de corda artesanais de grande comprimento, criaram o material para o gesto simbólico de lançamento de uma escada de emergência de entrada na Costa e no Continente Europeu. As escadas foram lançadas para o mediterrâneo, a partir de uma fortaleza no Porto de Nápoles, evocando a precariedade das condições da imigração, a problemática do tráfego de pessoas e o idílio que a Europa representa para o outro lado do Mar Mediterrâneo, numa inversão das históricas rotas de busca do Oriente.

10.5.06

Cidades Ocasionais, Post-it City e usos do espaço público do Porto

“…basta pensar no que se transforma quando utilizamos literalmente um post-it: sobre um texto prévio (a cidade) impomos um sinal que prioriza uma ordem distinta da inicial, no entanto, este sinal responde apenas a um interesse subjectivo e, por isso, também é uma marca efémera, sem vontade de permanecer ou impor-se.” Martí Peran

O projecto “CIUDADES OCASIONALES. Post-it City y otras formas de temporalidad” é um desafio lançado internacionalmente pelo Centro de Arte de Santa Mónica a diversos centros de arte e comissários independentes para criação de um centro de documentação, em formato vídeo, que recolhe e regista um amplo conjunto de fenómenos e episódios em diversas cidades do mundo. O projecto “Post-it City” visa registar fenómenos, acções e eventos que têm lugar no espaço público, subvertendo-o diariamente. Os documentos-vídeo reunidos em todo o mundo serão compilados e expostos no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, no Inverno de 2007, confrontando diferentes usos e acções no espaço público em cidades tão distantes como Telavive, São Paulo, Buenos Aires ou México D. F.. Serão documentadas duas cidades portuguesas: Porto e Lisboa.

O conceito Post-it City, como concebido por Giovanni La Varra e apresentado por Martí Peran, traduz-se num conjunto de fenómenos temporários que ocorrem casualmente no espaço público das cidades, segundo acções individuais ou de grupos informais. As Post-it Cities rompem com a ordem, a lei e as normativas urbanas, desobedecendo-lhes ou aproveitando as suas falhas, denunciando a imposição, sempre como acção crítica, ainda que não explícita.

Consideremos os dois conceitos com que Martí Peran, o comissário geral do projecto, refere a disjuntiva entre a cidade construída - sky line, de carácter estático, - e o contexto de onde emergem os modos de vida - o background dinâmico: “sky line é a cidade-contentor, o envoltório sonhado pelas estruturas estabelecidas e do qual se deduz a imagem da cidade, aquela que a permite consumir apenas ao nível postal. Por sua vez, o background é todo o conjunto de realidades informais e dinâmicas reais em constante mutação, adaptando-se e trasladando-se continuamente, denotando um uso real do espaço urbano, muitas vezes de um modo explicitamente crítico com os preceitos impostos pelo sky line
[1].

O background do Porto é um campo fértil, povoado por fenómenos informais maioritariamente relacionados com a compatibilização pacífica entre o espaço urbano e a manutenção de usos e hábitos tradicionais, sendo raramente operações críticas dirigidas às políticas urbanas ou ao controle do espaço público. No espaço público do Porto diversas ocupações temporárias, actividades de grupos, e de minorias, se posicionam nos limites da legalidade, são soluções criativas e subversivas, embora dissimuladas ou não explícitas, que questionam a regulamentação e contestando a imagem da cidade.

Com origem em actividades lúdicas, tão tradicionais quanto ilícitas, alguns colectivos informais criam convivências inesperadas e episódicas. O Jardim de S. Lázaro, central e adjacente à Biblioteca Municipal e à FBAUP, acolhe diversas actividades, complementares, geradoras de circulação e economia local. No interior do recinto público, reúnem-se grupos de homens idosos trazendo mesas de apostas e jogos de cartas, formando um pequeno casino a céu aberto, complementado pela prostituição que ronda o recinto e se aloja nos edifícios da praça. Este “casino” assemelha-se a um outro, no recinto do Castelo de S. João da Foz, visível e integrado nas muralhas tuteladas pelo Instituto de Defesa nacional. Estes “casinos” são locais de socialização, de encontro e debate, estão localizados em praças e jardins públicos sendo porém constituídos por grupos com regras e funcionamento próprio.

As primeiras praças e superfícies planas, recentemente introduzidas, permitem novas formas de apropriação do espaço público, com usos que os espaços mais hierarquizados não permitiam acolher. O Campo dos Mártires da Liberdade, em frente da Cadeia da Relação, tornou-se num campo de futebol informal, com balizas improvisadas a partir de pedras do mobiliário urbano desenhado na reconversão urbana. Aos fins de tarde e dias festivos é local de encontro de grupos organizados que disputam partidas. Este contestado uso informal, que “danifica” o recente património construído, foi recentemente admitido e institucionalizado pela administração local, que promove campeonatos de futsal em campos insufláveis que aí monta aos fins-de-semana. Também a praça da Casa da Música deu visibilidade à comunidade skater do Porto, até agora dispersa, que apropriou a zona e aí se encontra para explora as superfícies lisas da plataforma e das rampas da base do edifício, conferindo um contestado uso alternativo ao empedrado travertino, dedicado à alta cultura.

Um “Post-it” visível, subversivo e com presença cada vez maior na paisagem portuense é o fenómeno “réplicas”, um grafitti que se repete acompanhado de um número de telefone, inscrito em sinalética, mobiliário urbano e suportes públicos: sinais de trânsito, postes de electricidade, paragens de autocarro, contentores do lixo e postos eléctricos. “Réplicas” respeita o privado e usa estritamente o público, como suporte publicitário, levando ao limite a ideia de “publicidade”.

Estes fenómenos denunciam a desadequação da cidade desenhada aos hábitos e práticas dos seus habitantes, e a progressiva imposição de normas dissuasoras do uso dos espaços públicos para fins não produtivos, legais ou significativamente simbólicos. Como refere Peran, “a cidade contemporânea não nasce da arquitectura mas do uso contínuo, versátil e corrosivo, do arquitectónico. É nesta perspectiva que parece lícito afirmar que a verdadeira cidade nasce depois da arquitectura.”
[2]

As Post-it Cities que os alunos da FBAUP documentaram durante a primavera de 2006 são actividades de carácter efémero, acções no espaço público, grafismos publicitários, percursos desconhecidos, tradições recentes e o uso quotidiano da cidade, aludindo a persistência de um uso reivindicativo do espaço público, que, ainda que não documentando desobediência activa, nem acções políticas civis, veiculam conteúdos críticos, referindo a inconsciente manipulação quotidiana da cidade…

Inês Moreira [Plano 21]

[1] e [2] Martí Peran – After Architecture – ver www.ciutatsocasionals.net

9.5.06

produção

8.5.06

acolhimento